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(Emir da
Rocha – novembro de 2012)
“Do nascimento do sol até o momento em que ele
se põe nos é dado um espaço de tempo que podemos chamar de dia para louvar o
Senhor.” ( Sl 113.3)
O louvor devido ao Senhor não é necessariamente
expresso somente através da música ou cânticos, mas é complementado por meio
daquilo que penso, pela maneira como me comporto e pelo resultado das minhas
ações durante o dia que pode ser também um espaço de tempo maior que o período
de claridade de um dia normal.
Por isso,
quero falar sobre o dia ou espaço de tempo em que o sol nasceu para a Maria e
para mim em julho de 1978 e agora já está se pondo.
Assis e Maria
Eli, nossos cunhados, já eram missionários da MNTB.
Logo após meu
casamento com Maria, eles passaram alguns períodos de férias ou licença.
Durante esses períodos, eu os acompanhei quando saíam para divulgar nas igrejas
o trabalho que faziam entre os indígenas Pacaas Novos, no estado de Rondônia.
Eu me
emocionei várias vezes quando alguém se dispunha a servir o Senhor entre os
povos indígenas, mas eu mesmo não me sentia fazendo tal tipo de trabalho.
Em
1976 fui visitar meus cunhados no Instituto Missionário Shekinah em Mato Grosso
do Sul. E lá pude ajudar consertando o veículo da escola, vários motores,
roçadeiras e um gerador que produzia energia. Um missionário
(Paulo Corenchuck) estava lá e me desafiou para trabalhar em Manaus fazendo
esse tipo de trabalho. Falei que se a Missão me pagasse um bom salário eu
consideraria a proposta. Ele me disse que não poderia me pagar o salário que eu
merecia, mas eu deveria considerar a possibilidade de trabalhar pela fé. Dei
uma resposta irônica e não voltamos a falar no assunto.
Eu trabalhava
como mecânico numa oficina que prestava serviços de manutenção para várias
empresas e transportadoras na capital e interior de São Paulo.
Certa vez, a
pedido do meu patrão, fui substituir um outro mecânico que tiraria licença para
cuidar da saúde. Para isso, precisei me transferir para a oficina que
funcionava na Concrebrás. Na minha última semana de trabalho nessa empresa, o
diretor me chamou e me fez uma proposta de trabalhar com eles. Eu tinha uma
responsabilidade na oficina onde trabalhava e precisava conversar com meu
patrão. Além disso, precisava pensar na proposta.
O Diretor da
Concrebrás me ofereceu o dobro do salário que eu ganhava. Sendo assim, eu
ganharia 20 salários mínimos e ainda teria um carro novo para trabalhar.
O meu patrão
ficou sabendo da proposta que recebi da Concrebrás e me disse que pagaria o
dobro do que me foi oferecido para eu não sair da oficina dele.
Nos dias que
se seguiram Maria e eu conversamos muito sobre o assunto.
Enquanto isso,
Deus me fez lembrar tudo o que eu tinha ouvido sobre missões indígenas e os
desafios que me foram feitos. Ele me fez pensar o quanto seria útil para Sua
obra o meu conhecimento de mecânica.
Enquanto o
conflito entre levar uma vida muito boa ou servir a Deus em tempo integral se
desenrolava no meu íntimo, o Senhor me lembrou de uma passagem em Sua
Palavra (Tg 4: 13 – 17). Quando reli esses versículos, fui despertado para uma
grande realidade. Minha vida era breve e passageira. Estava em minhas mãos o
que fazer com ela. Precisava considerar minha esposa e filhinha.
Conversei com
Maria que estava pensando em recusar as duas propostas recebidas para nos
preparar e ir trabalhar com os indígenas. Pedi que orasse e desse uma resposta.
Maria me olhou
com os olhos brilhando e um sorriso nos lábios e me disse que estava orando
desde o tempo do nosso namoro, pedindo a Deus que me desse o mesmo desejo que
ela – de ser missionária entre os povos indígenas.
Meu patrão e o
diretor da Concrebrás me chamaram de louco. Nosso pastor, líderes da igreja e
alguns irmãos usaram vários argumentos para nos desanimar, mas permanecemos
firmes.
Quando o sol
começou a nascer fomos aceitos como alunos em Peniel.
Tivemos lutas
enquanto fizemos o curso em Peniel, mas saber por que, para que e para quem
estávamos nos preparando fez a diferença em nossas vidas: por que - ser
preparado adequadamente; para que – alcançar os indígenas com o evangelho; para
quem – para Deus porque esse é o seu desejo.
Pela
graça e bondade de Deus concluímos o curso em Peniel e depois seguimos para o
treinamento missionário em Shekinah – Mato Grosso do Sul. Concluímos em maio de
1980.
Nunca
fomos sustentados por nossa igreja. Recebíamos ofertas de alguns membros.
Antes de
seguirmos para o treinamento linguístico recebemos dois convites para pastoreio
de igreja e logo depois recebemos um convite da Missão Novas Tribos para
trabalharmos no treinamento em Shekinah.
Minhas
responsabilidades eram: ser comprador, lecionar as matérias de Cultura e Igreja
e fazer a contabilidade da escola.
Em 1982 fomos
trabalhar com a Tribo Kaingang, no Rio Grande do Sul. Nesse ano ensinamos a
Bíblia, evangelizamos, trabalhamos na enfermaria, construímos casas,
consertamos motores, vacinamos e curamos animais, trabalhamos na roça com o
povo. Mediante conflito entre os indígenas quase tivemos nossas casas queimadas.
Em 1983
ingressamos no curso linguístico em Vianópolis – Go.
Em dezembro de
1983 fomos para o Instituto Bíblico Peniel para assumir a Administração.
Em 1987 voltei a trabalhar no treinamento em Shekinah.
Em 1989 tive
um problema de saúde e não pude continuar o trabalho em Shekinah.
Enquanto eu
fazia o tratamento de saúde em Anápolis – GO, Maria e eu nos envolvemos no
trabalho da Sede da Missão. Participei de várias viagens com membros do
Conselho, visitando os trabalhos nas aldeias. Posteriormente, fiz parte do
Conselho do Setor Leste da Missão. Participamos de vários projetos do Summit e
PAM. Cooperamos com a Igreja Evangélica Boas Novas em Anápolis.
Fui mecânico,
carpinteiro, marceneiro, soldador, eletricista, pintor. Maria e eu trabalhamos
na faxina dos escritórios; Maria foi recepcionista, telefonista, copeira,
participou comigo de viagens de aconselhamento de equipes e foi cozinheira do
PAM e Summit.
Em meados de
1999 pedi demissão do Conselho do Setor Leste e fui convidado a retornar para
Peniel onde trabalhamos de 2000 a 2006. Em junho de 2006 fomos transferidos
para o Residencial Hebrom onde ficamos até fevereiro de 2009. Voltamos para o
trabalho em Peniel e estaremos até dezembro de 2012 quando o sol se porá depois
de um dia com a duração de 34 anos. Tivemos muitas lutas, algumas com derrotas,
outras com vitórias, muitos erros e acertos. Fomos rejeitados e aceitos.
O que eu
não faria de novo? Faria tudo exatamente igual, do contrário não seria
ensinado, disciplinado, corrigido pelo Senhor. Por isso, “Do nascimento do Sol até o pôr do Sol louvado seja o nome do Bom e Amoroso
Deus.”
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